O Espírito Santo na mística franciscana
Para São Francisco, a Ordem só tinha um Ministro Geral, que é o Espírito Santo, e deveria ser guiada pelo sopro do Espírito do Senhor. «Desejava que se recebessem na Ordem pobres e ignorantes, e não apenas ricos e sábios. ‘Deus -dizia ele- não tem em conta essas diferenças; o Espírito Santo, que é o Ministro Geral da Ordem, repousa tanto sobre os pobres e simples como sobre os outros’. Pretendia até que esta frase fosse incluída no texto da Regra – mas a bula da aprovação já tinha sido publicada (a 29 de novembro de 1223); era portanto tarde demais» (lC 123).
Neste Especial dedicado a Pentecostes, nossa intenção é fazer uma reflexão dentro da mística franciscana, oferecendo alguns textos de grandes mestres da espiritualidade.
O capuchinho Leon Robinot lembra que Francisco caminha para o Pai pelo Filho no Espírito: é a ‘auto-estrada’ que conduz à união com Deus, e que ele aprendeu pela prática da liturgia. “A sua experiência do seguimento de Jesus, aprendida durante uma vintena de anos, desabrocha na grande doxologia da Primeira Regra, capítulo 23. E essa ‘auto-estrada’ dum filho de Deus percorreu-a sob a conduta do Espírito. Tal é a profunda convicção que pretende transmitir aos irmãos ao dizer-lhes que «devem sobretudo desejar ter o Espírito do Senhor e deixar que esse Espírito atue neles» (2R 10,8).”
Frei Sinivaldo Tavares, teólogo, escreve sobre “A ousadia de se deixar conduzir pelo Espírito do Senhor”. E decreta: “Somos convocados a fazer memória do nosso passado, deixando Cristo irromper em nossa vida através do Seu Espírito Vivificante”.
O homem, quando se centra no sofrimento seu e do mundo, nas angústias e traumas de tantas pessoas, nas injustiças de uns e desvalia de outros, nos desvarios, descaminhos, hipocrisias e toda sorte de males, corre o risco de se afundar num desespero sem saída ou de calejar-se desumanizando-se naquilo que lhe é mais próprio: a dimensão pentecostal do permanente milagre da vida. Frei Neylor Toninfaz uma reflexão sobre a festa de Pentecostes a partir de dois pontos de vista e afirma que “o homem pentecostal conhece a alegria do louvor, a força incontida do testemunho, a jovialidade da acolhida e a festa da comunhão”. Nele Cristo já venceu o demônio da tríplice tentação.
O jesuíta Albert Chapelle, num texto da revista “Grande Sinal”, escreve: “O dom do Espírito nos antecede como uma graça, ele nos precede na história. Vida espiritual não se improvisa, não tem sua origem em si mesma, não pode haurir água viva em sua própria fonte. É recebida do Alto; brota como toda vida das gerações e dos partos da história”.
Outro texto escolhido é de Frei Celso Teixeira, da série “Cadernos Franciscanos”: “O Espírito do Senhor: Ensaio de uma leitura antropológica”. Como anuncia o subtítulo, o artigo é uma tentativa de esclarecimento sobre o modo de agir do Espírito do Senhor na pessoa humana. Sem identificar a expressão “Espírito do Senhor” com a terceira pessoa divina, o autor centraliza-se em descrever o modo de atuação deste espírito, tornando a pessoa “santa” e “espiritual”, à semelhança do próprio Deus, e, em habitando nossos corações, este espírito torna-se presença habitual. O autor também distingue com muita clareza as obras do “espírito da carne” (e “espírito do mundo”) e as obras do espírito do Senhor, fonte e origem de todo o bem.
Trazemos ainda textos do Dicionário Franciscano sobre o Espírito Santo e Pentecostes no Catecismo da Igreja Católica.
Completamos este Especial com as Preces ao Divino Espírito Santo e uma celebração franciscana.
franciscanos.org.br