Tríduo Fraterno
Vemo-nos deixando um ano capitular no horizonte e assumindo as propostas deste evento em nossas novas fraternidades. Entramos agora em um novo triênio em que somos convidados a fazer “nova todas as coisas” e, se me permitem a ousadia de utilizar-me do termo, configurarmo-nos cada vez mais a Cristo, no modo de São Francisco. O Tríduo Pascal que se aproxima apresenta-se como uma nova oportunidade de fazermos um itinerário de contemplação do mistério salvífico de Cristo para o integrarmos à nossa vocação franciscana tomando parte na história da salvação.
Na Quinta-feira Santa, nosso Senhor se põe à mesa junto com os seus e Ceia, celebra a alegria da vida e dá início ao Ciclo Pascal fundamentado na comunhão. Cristo sabia dos problemas de cada um dos presentes, mas mesmo assim quis estar unido e não excluiu a ninguém. Acredito eu, que o capitulo seja uma representação da Santa Ceia, nos reunimos em torno de um mesmo espirito para celebrar a riqueza de nosso modo de ser. Cabe, a nós, termos o mesmo olhar de Cristo, para conseguirmos ver a riqueza de nossos irmãos além de suas misérias, até porque, o frade perfeito não é individuo isolado, mas uma vivência fraterna. Sem isso não conseguiremos traduzir nosso carisma e encontrar o Senhor na união (Mt 18,20).
No entanto, após longa meditação que permitiu uma kénosis profunda e perfeita união com a vontade do Pai, Cristo enfrenta os maiores flagelos para chegar à perfeição da entrega no altar da Cruz. Da mesma forma muitas vezes é doloroso aceitarmos certas falhas que são inerentes a nós. Todavia, precisamos compreender a realidade a partir dos olhos do Pai e só o faremos se tivermos como ponto de partida o nosso momento no Horto das Oliveiras. Inácio Larrañaga diz que “Francisco soube equilibrar o ir em direção a Deus e aos homens”. Por que será que o santo que é símbolo da fraternidade universal, que foi tão perseguido, é tão retratado em montes e bosques e, talvez, menos junto aos irmãos?
Acredito que tenha sido o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium que disse: sem passarmos pela paixão da sexta-feira, não chegaremos à ressureição do sábado. O morrer é essencial para viver. Sem deixar morrer um pouquinho de mim para que o Outro apareça, nunca serei realmente “um”. Mas se acolhermos a nossa irmã morte, aí sim poderemos surgir como uma fraternidade evangelizadora em nossas frentes de missão e poderemos pregar o Cristo que por sua ressureição vem fazer nova todas as coisas.
Bom Tríduo Pascal a todos, que saibamos viver este momento a partir de nosso carisma evangélico e possamos ser imagem do Cristo glorioso que representa uma possibilidade sempre nova de transformação. Paz e Bem.
Frei Matheus Fernandes