Ano Missionário – Frei Dalton Rodrigues
O chamado a vocação é um grande presente de Deus, pois nos sentimos ainda mais amados e escolhidos para dar continuidade ao serviço de Cristo entre os irmãos. A cada dia somos conduzidos a novos caminhos e trabalhos no qual vamos nos formando e crescendo como cristãos. Viver o dom do chamado é se entregar a cada desafio, se envolvendo na grande e única alegria que Francisco nos convida.
Quem descobre essa imensa alegria de servir a Deus sente o desejo de leva-la a todos lugares, pessoas e ir cada dia mais além. Inspirados no exemplo do pobrezinho de Assis que se colocava sempre a caminho pregando a paz e o bem na boa disposição de espírito, nós frades menores, também dedicamos em nossa formação um tempo para a missão. Neste ano vivo essa grande experiência de viver em outra realidade territorial no convívio com outros frades e frente de trabalho. Neste primeiro momento me encontro no Sefras em São Paulo no serviço de combate à fome, a violações de direitos e inserção econômica e social de populações extremamente vulneráveis. O Serviço Franciscano de Solidariedade incansavelmente busca por meio de seus projetos na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro reduzir o número altíssimo da fome que assola quase 20 milhões de brasileiros. Acolher, cuidar e defender é o tripé que move a ação de cada frade, funcionários e centenas de voluntários na luta contra um contexto de desigualdade e falta de direitos de um povo esquecido pela sua vulnerabilidade. População de rua, crianças, idosos e centenas de famílias são agraciadas não só de pão, mas principalmente da atenção que recebem por meios dos projetos muito bem desenvolvidos e conduzidos.
Enquanto organização humanitária o Sefras atinge diariamente 4 mil pessoas através de seus serviços de promover uma alimentação saudável, contraturno escolar para crianças e adolescentes na periferia, cuidados na primeira infância, fortalecimento familiar, convivência e proteção de idosos em casa de acolhida centro dia, apoio social e jurídico para população em situação de rua, acolhimento e inclusão social de imigrantes, além de ações de defesa dos direitos e melhoria de políticas públicas voltadas a esses grupos.
Os vários prêmios recebidos e o reconhecimento em âmbito nacional ou até mundial mostram o forte comprometimento dos frades da Fraternidade do Santo Antônio do Pari juntamente com outros frades da Província da Imaculada com o apelo social colocando em prática a grande preocupação franciscana que é cuidado dos mais pobres e desfavorecidos. Estão dispostos não só em dar continuidade aos trabalhos já firmados e articulados, mas acolher com prontidão cada necessidade urgente de cada dia, como por exemplo a assistência as famílias vítimas da tragédia em Petrópolis e no amparo aos necessitados no auge da pandemia.
Ter no próprio nome a ação da solidariedade mostra que aquilo que fazem vai muito além de uma missão, é revestir do próprio Cristo que escolheu em Francisco a tarefa de acolher e amar os que estão às margens e excluídos pela sociedade. A cada ser que chora a dor da fome recebe em cada marmita a certeza de que alguém por eles se preocupa e sente por eles compaixão. Estar nos trabalhos da solidariedade é estar inserido em uma escola de tempo integral que nos molda a ser cada vez mais humanos para acolher a humanidade de cada irmão e filho de Deus.
Os desafios e responsabilidades de quem sai em missão são imensos, pois é a experiência de um novo. A cada dia um aprendizado diferente é somado aos inúmeros que encontramos no caminho e que depositam em nós suas alegrias e tristezas ao ver no frade a esperança e consolo da misericórdia de Deus. Porém em meio a cada enfrentamento a felicidade de viver aquilo que está na raiz de nosso carisma se torna gigantesca. Todos nós somos missionários e enviados a cada amanhecer para as pequenas e grandes ações. Sair é ver a ação de Deus que nos move e nos faz instrumentos de seu querer.
