O ENCONTRO COM OS POBRES A PARTIR DA ESPIRITUALIDADE FRANCISCANA

Quando a pessoa consegue fazer um encontro consigo mesmo, com todo o sentido de sua própria vida: vitórias, traumas, sonhos, desejos… emerge a necessidade de se descobrir enquanto pessoa nas relações. Desse modo, Francisco, após passar por essa experiência, sente refletir sua própria vida na vida do pobre que pede sua esmola, depara com a sua própria limitação. Seu ego, que antes tinha grandes ilusões com honrarias humanas, naquele momento, sente-se desprezível ao negar a esmola.

Certo dia, estando na loja entretido na venda de panos, veio um pobre pedir esmola pelo amor de Deus. Absorto como estava na ganância das riquezas, negou-lhe a esmola; mas logo, tocado pela graça divina, repreendeu-se por tanta rudeza, dizendo: “Se aquele pobre tivesse pedido algo em nome de algum conde ou barão, com certeza o terias atendido, quanto mais não o deverias ter feito pelo Rei dos reis e Senhor de todos!” (LEGENDA DOS TRÊS COMPANHEIROS, CAP I,3).

Francisco percebe o erro que cometera e faz o propósito de nunca mais negar o que um pobre lhe pedisse pelo amor de Deus. Assim, ele começa a perceber que a vocação e o sentido da vida não se encerram em si mesmos. Francisco vai descobrindo na pobreza o imitar a Cristo pobre e viver o Evangelho. A partir desse fato, Francisco vive a procura de lugares isolados para rezar e estar com os pobres.

A vivência com os pobres o fez entender que o sofrimento deles era como o sofrimento de Cristo. O ser Pobre é ser outro Cristo no mundo, é a continuação da História da Salvação. E esta é a missão de todo Frade Menor, ser outro Cristo no mundo, através da Imitação da Altíssima Pobreza.

Sobre a pobreza há recomendações constantes na Regra. “Aderido totalmente a ela, irmãos diletíssimos, nenhuma outra coisa jamais queirais ter debaixo do céu em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (REGRA BULADA, VI, 7) 

Frei Renildo Cirineu da Silva, ofm