O Rádio e a Evangelização
Especial – Dia Mundial do Rádio
Na mensagem para o 57º dia Mundial da Comunicação Social, o Sumo Pontífice, o Papa Francisco, assim se expressou: “Falar com o coração. Testemunhando a verdade no amor”. Com estas palavras quero me expressar nestas linhas.
O rádio me acompanha desde que me entendo por gente. Como era gostoso ouvir os programas de música sertaneja (raiz) nas madrugadas de minha infância, presenciando minha mãe coar café, enquanto meu pai se preparava para o trabalho.
Já em minha adolescência, aliás, pré-adolescência como se dizia à época, era normal à noite ouvirmos “good times” esperando a tradução do dia. Rádio me-foi e é o companheiro de muitos bons momentos.
Então, ouvindo rádio, eu ficava encantado com os locutores e locutoras. À época disputávamos em casa o ‘dial’ do rádio na sintonia ou da Rádio Difusora para ouvirmos sertanejo, ou a antiga Araguaia FM. Depois descobrimos Executiva FM, RBC FM, e outras emissoras. Trago vivo na memória a voz potente de jornalistas, apresentadoras, radialistas, e o sonho calado: um dia farei isso. Na TV, além de novelas, jornais, eu gostava de assistir a Santa Missa em seu lar (TV Anhanguera) e a “Hora do Ângelus”, coisa mais linda: a mensagem com um áudio belíssimo, e a oração da Ave Maria.
O Rádio é encanto de coração. É ternura. Cada locutor, cada locutora se torna amigo, amiga, companheiros de estórias. E eu queria escrever para Rádio e TV. Vieram vestibulares, e as chances foram modificadas. O Projeto de vida mudou. Algumas coisas, porém, não mudaram: meu carinho aos profissionais da comunicação, meu desejo de leitura e escrita.
Em 2003 comecei trilhar passos no Programa de Formação da Província do Santíssimo Nome de Jesus do Brasil. Anos mais tarde, cheguei ao Convento Sant’Ana, e frei Carlos Antônio, hoje Ministro Provincial, era o pároco e apresentava “O Sol Nasce para Todos” e “Conexão Jovem”. Naquela semana ele não pôde ir aos programas, e me pediu para fazer uma substituição. Cheguei muito acanhado aos Estúdios. Fui maravilhosamente bem recebido pelo Chicão, nosso produtor. Frei Benedito Lemos me acompanhava.
Disse ao Chicão o que fui fazer, porém eu não fazia ideia por onde começar. Uma voz interior me dava tranquilidade como que eu sabia estar onde sempre sonhei estar. Chicão me pôs diante dos microfones, e disse: “fala, frei”. Foi assim o começo de tudo: muito acanhado. Algo sempre me preocupou na comunicação: ética para com os ouvintes, um bom conteúdo a ser apresentado, uma trilha musical agradável, boa convivência com os demais profissionais, respeitar o tempo do programa, ouvir o silêncio da programação, me pautar por todas as orientações de meus diretores de programação, e, acima de tudo, lembrar-me sempre: meu ouvinte é meu censor, meu companheiro de caminhada, o amigo que me permite a licença de adentrar ao seu lar.
Noutras épocas ouvi bastante Claudino Silveira, Lázaro Santos, Maristela Araújo, Humberto Aidar, Tina Roma, PC Albuquerque, Baby Néia. E minha gratidão a tantos profissionais que vi começando: Jonathan Cavalcante, Tati Bastos, esses quase na mesma época que eu. E aos meus grandes mestres do tempo, da escuta e da escrita para o Rádio: meus diretores de programação, que fizeram de quem não foi a Faculdade de Comunicação um comunicador.
Evangelizar é isso: fazer âncora de um jornalismo ético e solidário; levar diversão por meio de entretenimento respeitoso ao ouvinte; construir momentos de espiritualidade abertos a todos os ouvintes.
Assim, depois de muito sonhar, hoje ocupo oitenta e oito horas de rádio fazendo aquilo que sabemos fazer: missão é estar com o ouvinte e construir alegria, informação, formação, entretenimento. O Rádio não mera paixão, é amor, é ato educativo, é cidadania, e solidariedade, é o saber cuidar por meio de amizade e fraternidade. É “falar com o coração”, como nos ensina o Papa Francisco.
Por Frei Ronildo Arruda