Perdão, Paz e o Cântico das Criaturas: Reflexões do último dia do retiro
No encerramento do Retiro de Evangelização e Missão, a manhã deste domingo (16) foi marcada por profundas reflexões sobre o perdão, a paz e a simplicidade evangélica. Frei Carlos Sartin nos lembrou que a paz verdadeira nasce do perdão, da reconciliação consigo mesmo, com os irmãos e com Deus. São Francisco compreendeu isso ao longo de sua vida e, em seus últimos dias, se alegrou na enfermidade e louvou a irmã morte, reconhecendo que até na fragilidade humana habita a graça divina.
Nas últimas estrofes do Cântico das Criaturas, Francisco já não fala apenas da natureza, mas mergulha na condição humana. Ele louva aqueles que perdoam por amor de Deus, pois são os que verdadeiramente experimentam a paz. E, com um coração já entregue ao Pai, faz o louvor mais ousado e desafiador: “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum homem pode escapar.” Para Francisco, a morte não é uma tragédia, mas a passagem definitiva para os braços do Criador.
A celebração da Santa Missa, presidida por Frei Carlos Antônio, trouxe ainda mais reflexões. O Ministro Provincial destacou que o Cântico das Criaturas é não é um poema. Ele é uma experiência profunda, uma espiritualidade que nos convida a viver com desapego e gratidão.
O desapego não é apenas ausência de bens materiais, mas uma atitude interior: viver com o essencial, para viver melhor no seguimento de Cristo. A pobreza evangélica não é miséria, mas um despojamento que liberta, uma escolha por aquilo que realmente importa. Francisco entendeu isso e fez de sua vida um testemunho dessa entrega radical.
Ao longo de todo o retiro, Frei Flávio Noleto, Secretário de Evangelização e Missão da Província, conduziu os momentos de reflexão e partilha. Nesta última manhã, ele incentivou os participantes a assumirem atitudes concretas em favor da Casa Comum. A reflexão girou em torno de um questionamento essencial:
Quais cuidados eu consigo ter no dia a dia com a criação?
Essa pergunta nos desafia a transformar nossa fé em ação: no cuidado com a nossa casa, no trabalho, na Igreja e na comunidade. Pequenos gestos, como evitar desperdícios, consumir de forma consciente, preservar a água e a natureza, promover a fraternidade e a justiça, são formas de honrar a criação e viver o espírito do Cântico das Criaturas.
Com essas reflexões, o retiro se encerra, mas o seu chamado permanece: viver com gratidão, cultivar a paz pelo perdão, escolher a simplicidade como caminho de liberdade e, como Francisco, louvar a Deus em todas as coisas, até mesmo na morte, confiantes de que ela nos conduz à Vida verdadeira.
Danilo Inácio – Comunicação Provincial