Vivência missionária de Frei Fábio em Pires do Rio: o amor que se escreve com letras pequenas

Num dia claro e comum, exatamente às 13h20, eu caminhava em direção ao Projeto Educar Para a Vida. Era uma tarde como tantas outras, mas que carregava em si a promessa de um reencontro.

Lá estavam as crianças — sempre alegres e agitadas. Elas me acolheram com sorrisos, e um grupo entre elas, com entusiasmo e ternura, proferiu a saudação franciscana: “Paz e Bem, Frei!”. Seus abraços, simples e sinceros, trouxeram um conforto profundo, quase inexplicável.

No decorrer do encontro, enquanto nos dedicávamos a reflexões sobre a Campanha da Fraternidade, uma surpresa silenciosa se revelou. Uma criança, pequena em estatura, mas imensa em espírito, chamou minha atenção. Em seu caderno, com letras modestas, ela havia escrito algo que parecia ecoar verdades universais:
“Fraternidade é amar! E amar é ser um com o outro.”

A força dessas palavras transcendeu as páginas; elas reverberaram diretamente no meu coração. Em sua inocência, aquela criança expressou aquilo que tantos filósofos e teólogos vêm tentando descrever ao longo dos séculos. Foi como se uma porta esquecida se abrisse dentro de mim, permitindo que uma luz nova iluminasse verdades antigas.

A essência da fraternidade, tão debatida e teorizada, estava ali — desvendada na simplicidade de quem ainda vive em plenitude com o amor.

Naquele momento, compreendi que Deus, em Sua infinita bondade, escolhe os gestos mais cotidianos para revelar aquilo que é eterno. Naquele encontro, naquela escrita singela, Ele me recordou o que Francisco de Assis proclama há tantos séculos: o amor como fundamento da vida.

Não há complexidade maior, nem verdade mais essencial. Amar é viver, e viver é estar em comunhão com o outro.

Texto e fotos: Frei Fábio Henrique