Protagonismo da Mulher na Bíblia e na Sociedade Atual
Especial – Dia Internacional das Mulheres
Iniciando esta reflexão, gostaria de saudar todas as mulheres que estão conosco nesta leitura, e também aos homens, de maneira orante, pedindo a bênção de nossas matriarcas bíblicas: A bênção de Sara e Agar para gerarmos filhas e filhos na fé em Deus, que fortalece e liberta seu povo! A bênção de Débora, juíza e mãe do povo, solidificadora de forças para a defesa de seus territórios! A bênção de Rute e Noemi, companheiras fiéis na busca de garantia de seus direitos de mulher! Que nos ajudem a trabalhar pelos direitos de todas as pessoas. A bênção de todas as mulheres que assim também pautaram suas vidas, em todo o Primeiro Testamento. Concluindo com a bênção de Maria, Mãe de Jesus, a quem Ele nos deu por mãe, abrindo o Novo Testamento. E Madalena, a apóstola anunciadora da Ressurreição, e todas que estavam integradas, de pé, firmes ao pé da cruz de Jesus! Amém!
Minhas irmãs e irmãos, o Dia Internacional da Mulher é celebrado entre nós no dia 8 de março. Isso todos sabem, não é?
Sabemos que a sociedade judaica e nós cristãos bebemos da tradição patriarcal, misógina, androcêntrica desde tempos imemoráveis.
Entre as possibilidades de fala que temos, escolho conversar sobre a presença feminina, enfrentando e superando essas dificuldades.
Em Mc 14, 3-9, encontramos mais uma mulher em Betânia, além de Marta e Maria. Ela unge Jesus. Ungir era função masculina. Podemos verificar em textos variados no A.T. A unção era sinal da escolha de Deus para profetas, sacerdotes e reis assumirem uma função importante. Essa mulher traz um alabastro de perfume, quebra-o e derrama sobre a cabeça de Jesus. Com seu jeito feminino de entrar, passando por entre os homens. Olhemos para esta mulher! Até onde sabemos, não era a convidada de honra!
E onde Jesus está? Na casa de Simão, o leproso. Aqui, Jesus abriga e realiza uma ação de integração do feminino e masculino, impensada, desproporcional para o mundo religioso da época. A comunhão acolhedora, amorosa, respeitosa de Jesus é para eles uma grande ofensa! Diante da indignação dos presentes, Jesus lembra-os que a ação desta mulher é muito importante. É a percepção profunda da intuição feminina. Ali, Jesus declara, por sua fala, que a percepção da mulher foi demais!!! Ela percebe que sua morte está próxima. Ela antecipa a preparação de seu corpo para a sepultura, como era costume daquela cultura, preparar com aromas e óleos próprios. Jesus vai além: chama-lhes a atenção: “quando quiserem fazer o bem, poderão fazer. Porque pobres sempre tereis, mas a mim, não…”. E irrompe em gratidão! “Onde quer que for proclamado o Evangelho, no mundo inteiro, também o que ela fez será contado em memória dela”.
Já pensou que grandeza?!
Vendo, hoje, a presença da mulher em vários espaços, antes ocupados só por homens, percebemos uma mudança ímpar. Só que a mesclagem de crenças ecléticas no âmbito religioso e civil ficou muito impressa em nossos “DNAs” de mulheres, desde tenra idade, nos colocando “para baixo”! E ali ficamos por séculos. Porém, aqui e ali, muitas mulheres foram se capacitando pela vida e se organizando para a “ocupação de espaços”. Muito difícil, no início.
Por onde começar? Como fazer?
Hoje, a presença feminina está em quase todos os âmbitos da sociedade. Na capacidade de organização coletiva, educação para a autonomia, espaços do poder público e de poder de decisões.
O espaço mais difícil continua sendo o Espaço Afetivo! Muitos homens ainda querem ser DONOS das mulheres! Estes não aprenderam a respeitar os desejos, as mudanças que acontecem na relação afetiva causadas pelo comportamento primitivo, rude, desrespeitoso, promíscuo que, nelas, produzem: raiva, medo, desespero, desejo de vingança e vontade de se libertar deste tipo de confinamento. Os homens que assim procedem pensam que as mulheres devem aceitar, como foi no passado. Muitos pais não permitiam separação das filhas, por crenças desordenadas em detrimento da vida da própria filha em sofrimento. Tinham que “honrar o casamento”!
Maria Rita Kell, psicanalista e jornalista, em São Paulo, fala e escreve que o Brasil é um país de ressentidos. Obrigados(as) a aceitar a chibata do capataz, em tempos de colonização inicial, calaram e passaram a “guardar a raiva”. Esta raiva passou a ser explodida entre os ressentidos. Não dizendo não “para não desagradar o patrão explorador”, mas vivendo em casa, no subemprego, na rua, as explosões desses ressentimentos. E em casa quase sempre foi o local do “descarrego maior”!
Com a emancipação feminina, a mulher descobriu seu valor de pessoa humana, seus potenciais, suas possibilidades de conquistar os seus desejos mais profundos. Enfim, sua dignidade. Este despertar da mulher gerou e gera coragem para decisões de rompimento de relacionamento abusivo. Elas saem para viver relacionamentos mais saudáveis. E aí, os homens ressentidos lançam mão da violência para tentar contê-las, não conseguindo, partem para o feminicídio. Estudos e pesquisas mostram o “turbilhão que passa por dentro desses homens”.
Abandonados na infância, ou recebendo a “função inadequada de homem da casa”, ainda sendo criança, crescem com uma “carga de responsabilidade” que não é sua. Tornam-se, muitas vezes, “mandões, exigentes, chefões, agressivos e até violentos para conter a prole que não é sua”.
Portanto, para continuarmos buscando a igualdade de espaços para “caber juntos”, feminino e masculino, faz-se necessário promover tratamentos psico-socioeducativos para tais homens, juntamente com o apoio das mulheres, para desaprenderem e se libertarem dos hábitos nocivos e treinar habilidades para hábitos saudáveis.
Fonte de Pesquisa:
Bíblia Pastoral, Bíblia de Jerusalém, Bíblia Paulinas (nova versão atual).
Sites mais confiáveis de Psicologia e Psicanálise, Cebi Nacional.
Ir. Iolanda Maria Borges, osf,
Teóloga, ( IFITEG) Formações Bíblicas pelo CEBI
Psicóloga e Neuropsicóloga ( PUC -GO)