Santo Antônio e a devoção como formação do povo
Frei José Clemente Muller escreve sobre Santo Antônio de Pádua: “A semelhança dos grandes personagens da história, o homem Antônio passou, mas a causa permaneceu. Por isso, a fama que tiver em vida centuplicou-se com sua morte”.
O pensamento de Frei José não é apenas uma correlação no âmbito para afirmar que Santo Antônio é o santo do mundo inteiro numa conotação de amado e querido. A origem desse fervor popular está nutrida no seu modo didático e educador de ensinar a sabedoria da Palavra de Deus, a qual era seu grande encanto. A materialidade do discurso ocorre quando é perceptível a relação de expressão entre anunciar e, consequentemente, ser o próprio resultado daquilo que foi proclamado ou dito, nesse aspecto está a eficácia daquele que não apenas reproduz falas e teorias, mas o leitor percebe a concretude do que foi expresso na relação discurso e ação, deste modo a devoção a Santo Antônio se configura numa profunda autenticidade formativa aos seu devotos, tanto para os mais intelectuais, quanto menos intelectuais, afinal o modo de Santo Antônio agir traduz uma formação natural a todos, sem distinções, provocando para a sensibilidade, solidariedade, esperança ativa, compaixão, abertura ao diálogo, amor, coragem e sabedoria, conhecimento e reflexões profundas sobre a vida.
Santo Antônio não foi uma personalidade reprodutora de ensinamentos do evangelho, suas atitudes eram amplamente vivas e convincentes para perceber os efeitos da Palavra Sagrada na história e responsabilidade de cada pessoa. Deste modo, o santo não era vazio e sim cativante, pois como um professor mediador e protagonista não desejava reconhecimentos de seus méritos, mas o que se torna essencial é ensinar o grande valor que temos perante as potencialidades, as quais Deus confia a todos em prol de um protagonismo que insiste nas práticas do amor para se tornar disposição, exercendo o bem em qualquer circunstância.
Nesta compreensão, o devoto de Santo Antônio alimenta e reconhece uma devoção de caráter formativo, na qual o santo não apenas desperta um encanto pela Palavra, mas revela o seu sabor, em que nutre para ser prioridade e essencialidade de pratica diária da vida. Nesse ato, Santa Dulce dos Pobres foi uma encantada devota de Santo Antônio, pois como ela dizia o santo praticava aquilo que pregava, sendo o formador da Palavra e da Ação. Santa Dulce tinha o frade Antônio como fortaleza amiga para exercer seu chamado forte a caridade.
A devoção a Santo Antônio é reflexo de como viver com intensidade o que aprendemos sobre Deus e o que somos entusiasmados a ensinar para os outros. A simplicidade de São Francisco de Assis que tanto fascinou Santo Antônio é uma de suas principais características para ser o formador de tanta gente. Nesse universo a devoção ao santo é aprendizagem de entendimento, cultivo e o cuidado pelas pessoas como remédio para solucionar conflitos e crises.
Por fim, Bento XVI nos ajuda a entender como a devoção a Santo Antônio o mantém como um forte formador para todos: “Antônio, na escola de Francisco, sempre coloca Cristo no centro da vida e do pensamento, da ação e da pregação”.
Prof. Guilherme Henrique Souza
